segunda-feira, 25 de maio de 2015

Mulheres Prateadas: Débora Amorim

Mulheres Prateadas tem muita sorte em apresentar a bela fotógrafa, escritora, doula e mãe, Débora Amorim, cujo olhar é da sensibilidade e da beleza da arquitetura e da cultura, e nos últimos anos vem registrando momentos intensos  e naturais de gestantes e partos, com importante militância na afirmação do Parto Natural no Brasil. Lançou o portal “GESTO NATURAL”, onde apresenta seus trabalhos em fotografia, vídeo, assistência à gestação, parto e pós parto, em parceria com profissionais do Brasil e exterior. Com muita alegria segue sua entrevista;

 



1.     Conte um pouco  de você, da sua trajetória de vida, da sua profissão, família, sua idade atual, e se tiver, filhos e netos.  Tenho 41 anos e um filho de 8 anos. Sou formada em Educação Física, trabalho com fotografia há 15 anos,  integrante do quadro de fotógrafos da galeria “A Casa da Luz Vermelha”, e comecei trabalhando como repórter fotográfica do Jornal de Brasília em 2000, quando meu trabalho recebeu o "III Prêmio Amazonas de Jornalismo Cultural". Participei de diversas exposições coletivas e individuais, como “O Corpo em Si” (2006) e “O Olhar Encantado” (2005). Em 2011 publiquei o livro fotográfico "Brasília, Uma Arquitetura Familiar".  Mas há 5 anos, encontrei meu caminho profissional como Doula, no trabalho com mulheres gestantes e seus partos.


2.     Qual é a relação que você tem com seu cabelo? A minha relação com meu cabelo não é das melhores. Tenho pouco cabelo, não consigo deixá-lo crescer, pois logo os fios se quebram e ele fica muito ressecado. Então o mantenho sempre curto. Na verdade não tenho muita paciência para cuidar de cabelo.

3.     Quando os primeiros fios de cabelo branco/prata apareceram, como você reagiu e se sentiu? Como as pessoas ao seu redor reagiram, se sentiram e, se caso te aconselharam, quais foram estes conselhos? Bom, meu cabelo está começando a ficar com fios brancos agora e pra mim é natural que eles continuem embranquecendo. Adorei quando minha mãe assumiu os seus cabelos brancos. Tenho várias amigas com cinza na cabeça e eu acho simplesmente lindo. Nada contra quem pinta os cabelos. Se um dia eu quiser experimentar pintá-los, também não vou lutar contra. Mas que eu acho lindo ter cabelo branco, ah eu acho.

4.    Com que freqüência você pintava seus cabelos antes e de que cor(es)? Só pintei meus cabelos duas vezes, mas eles ainda não estavam com fios branco. Foi só pra mudar o visual mesmo.

5.    Como os seus amigos, familiares e estranhos reagem e reagiram a esta decisão? Tenho certeza que meus familiares e amigos, me conhecendo como me conhecem, acham super natural eu deixar meus cabelos brancos.

6.    Como você se descreveria em relação aos seus cabelos prateados e a maturidade? Não acho que cabelos brancos envelheçam tanto assim uma pessoa. Pra mim, a velhice está nas atitudes e maneiras de lidar com a vida. Tenho muitas rugas, desde nova, e nem me imagino fazendo plástica. Acho bonito as marcas da vida. E com relação ao cabelo branco é a mesma coisa. Assumo a idade que tenho com o maior prazer. Acho que estou na melhor fase da minha vida, de verdade, e se meus cabelos estão ficando brancos, acho natural também. Posso até estar falando tudo isso porque os fios brancos ainda não estão muito aparentes, mas acho muito difícil eu querer mudá-los. E se um dia eu quiser, tudo bem também. Mas que eu acho o cinza na cabeça lindo, eu acho.

domingo, 17 de maio de 2015

Mulheres Prateadas: 5 mitos sobre cabelos grisalhos que precisam ser desmascarados


Se alguém ainda tem dúvida, precisa de um empurrão, e quer quebrar o preconceito e os mitos sobre mulheres prateadas, aqui um tiragosto para iniciar a discussão:

 

   a)    Ter cabelo branco dá à mulher uma aparência de mais velha
O poder estético dos cabelos grisalhos revelando a idade feminina, este é o primeiro mito que devemos desmascarar. Mulheres que assumiram seus brancos aparentam a idade que tem, não ficam mais  velhas porque tem cabelo branco. E se elas pintam é para parecer mais jovem do que são de verdade, certo??? Durante anos, Penelope pintou seu cabelo de castanho e todos achavam que ela tinha alguns 20 anos a menos de sua idade. No entanto quando ela parou de pintar o cabelo, e vieram os cinzas na cabeça, todos deram somente 5 anos a menos de sua idade verdadeira. Ela envelheceu mais por isso? Não!

   b)   Cabelo grisalho é sinônimo de desleixo e descuido
Existem muitos casos de cabelos pintados que são puro desleixo. O cuidado com os cabelos prateados é até menos custoso e assim fica mais fácil cuidar deles do que um cabelo com permanente, com alisamento, com tintura química. E os cortes de cabelo podem e devem ser de acordo com o volume do fio e o biótipo da pessoa. Ter cabelos naturais, cor de sal com pimenta, platinado ou prateado, sejam curtos ou longos, desde que limpos, ajuda  na sensação de que está sempre com o cabelo arrumado, um ar de distinção, chique e elegante.

c)    Fica feia ter cabelo branco
Olhando a  foto de Penelope Cruz com seus cabelos brancos, fica fácil quebrar este mito. Feio e bonito são qualidades que estão nos olhos das pessoas e varia de acordo com a moda do momento. No século 18 , ter cabelo branco era a moda dos cabelos de nobres.  No século 21, o ar natural dos cabelos e da pele é que são fashionable. Cabelos prateados são naturais. Feio seria esconder os brancos porque sentimos vergonha deles existirem em nós, não é mesmo? E se fossemos cegos (de preconceitos), tanto faz se temos cabelos prateados ou não, o que importa é o cheiro, o tato, carinho e o afeto, e o sentimetno que temos quando sentimos o cabelo. E se fossemos todos carecas???

d)   Mulher grisalha não vai conseguir o emprego se competir com mulher de cabelo pintado
Quem já não ouviu esta? Muitas mulheres acreditam nisso, que seu cabelo prateado vai impedi-las de achar um lugar no mercado. Preconceitos a parte, esta é uma conseqüência da perpetuação dos mitos acima mencionados, do universo feminino, onde mulheres pensam que são consideradas menos aptas se aparentarem mais velhas, ou mais feias por terem cabelos brancos. Quantas mulheres prateadas assumem posição de prestigio e poder, e são reconhecidas pelo trabalho que realizam, de top models,  presidentes de empresa, revistas de moda, e de organismos internacionais? Com certeza que pessoas inseguras tendem a ter menos chance no mercado, e que pessoas mais confiantes em si mesmas são mais requisitadas para assumir cargos de poder e de liderança.  Se mulheres inseguras pintam o cabelo branco para se sentirem mais confiantes, enquanto mulheres que assumem seus cabelos prateados são inerentemente mais confiantes em si mesmas, assim, a chance de se ganhar um emprego  top notch fica maior do lado das prateadas bem assumidas que se sentem confiantes e com tempo mais livre para fazer o que mais gostam no trabalho, com sua  família, tempo de lazer e menos tempo retocando raízes em casa ou no salão.

e)    Mulher prateada não vai conseguir arrumar homem
Este mito é um mix dos mitos mencionados acima, percepções que o cabelo da mulher simboliza sua força de atração, beleza, capacidade de reprodução e erotismo. Sem dúvida que conseguir um  homem que se preste para casar é difícil... mas em alguns casos, significa muitos sacrificios da mulher que quer ser uma mamífera reprodutora, além dos cuidados corporais, vem o cuidado mais especial com o cabelo:  "se eu pintar meus cabelos? E se der volume, etc?  Femme fatalle? Ficar mais atraente, com cores mais intensas chamam mais atenção ou com cores mais nos tons pasteis, textura, cheiro, etc?" Ficamos escravas do querer masculino de acordo com a moda vigente, porque o poder de atração que o cabelo tem do sexo oposto é algo bem conhecido.  Em algumas culturas, o corpo da mulher casada incluindo seu cabelo se torna propriedade do marido, sendo que a mulher que “conseguiu ser capturada pelo homem” não pode cortar sua cabeleira e deve escondê-la atrás de véus.  Em outras culturas, a mulher casada deve raspar sua cabeça para assim afastar os olhos de outros homens sobre ela. Bem, se a questão do cabelo na mulher mexe com o fetichismo masculino, isso tem a ver com conceitos de beleza e os padrões de beleza mudam com o tempo e a moda.  No Século 18, os cabelos grisalhos e esbranquiçado eram vistos como sexy e erótico! No fim do século 20, os cabelos grisalhos são vistos como cabelos de mulheres mais maduras, em termos de capacidade reprodutiva, simboliza uma mulher que poderia ter dificuldade ou não de ter filhos, em teoria afastando homens interessados em formar uma família? No entanto, cada vez mais mulheres estão tendo filhos em idades mais avançadas, depois dos 40! Assim não existe nenhum estudo que mostre a correlação de cabelos grisalhos na idade reprodutiva e como eles afetam a capacidade das mulheres engravidarem, afastando a hipótese que mulher prateada em idade reprodutiva é menos fértil. Tem mulheres prateadas que são puro erotismo, ligada ao fator confiança, e o grau de relaxamento/paz interior/aceitação do seu corpo e cabelo/autoestima elevada é o que no fim ajudar trazer prazer a mulher sexualmente ativa.... o que faz uma mulher ser mais relaxada consigo mesma, e mais cheia de força sexual? Com certeza que as prateadas tem algo sexy sobre como elas lidam com seus cabelos... Além disso, a moda 2015 está do lado das mulheres que assumem seus fios naturalmente cinza: assim, prateadas, cor de pimenta com sal, e de plátina de cabelos volumosos, crespos, lisos ou fininhos, longos, médios, repicados, curtos, etc, desde que apareçam seus brancos, estão em alta demanda!

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Mulheres Prateadas: Iris Apfel

Ok, Adoraria ter uma entrevista com Iris Apfel! Em sua homenagem, saiu seu documentário e já está causando um furor no mundo todo!

Para quem não conhece esta baixinha porreta de mais de 90 anos, ela é uma das mulheres mais influentes no mundo do interior design and fashion, seu nome é sinônimo de criatividade e estilo, inspiração e força vital.  Autêntica, não segue regras, senão ela quebraria as mesmas. Desde jovem, deixou vir seus cabelos prateados, e hoje se orgulha do corte curtinho prateado..ela é uma compositora de roupas e acessórios, ela usou o primeiro jeans, e estava à frente do seu tempo. Iris, que significa colorida, nome que eu daria para a minha filha, é hoje um ícone mundial e como ela mesma resume: "não sou linda, mas tenho algo mais interessante, sou feliz comigo mesma,  tenho personalidade e estilo de viver!"
Para Iris é melhor ser feliz, com seus cabelos prateados e naturais, do que se vestir bem e fingir ser quem não somos.

Afinal, Iris quebrou regras e tabus sobre o que dever ser belo e estético, mesmo crescendo no tempo em que as mulheres sempre foram estigmatizdas como velhas depois dos 30, conforme seu avô dizia: "uma mulher sempre fica mais velha, mas um homem nunca é velho até ele parar de fumar".

Iris ganhou seu próprio documentário, por ser uma fonte imortal de inspiração e de coragem para muita gente, principalmente mulheres, e como uma feminista feminina, ela mesma disse: hey girl, I feel gorgeous, existe uma vida depois dos 30



sexta-feira, 8 de maio de 2015

Feliz Dia das Mães

Feliz Dia das Mães!!!
Para homenagear todas nós mães, fiquei mais inspirada ao ler uma reportagem da CNN de maio de 2014, e assim celebrar as mulheres que aceitaram seus cinzas prateados e fazer uma homenagem ao dia das mães: como elas, as mamães, tem forte poder de influenciar a maneira como nós cuidamos de nós mesmas e de nossas crias.


"Nossas mães e as mulheres que admiramos nos ensinam as  primeiras lições de beleza e cuidado, e higiene pessoal. Elas nos dizem se é aceitável sair de casa sem o batom, um rosto maquiado, cabelo bem penteado ou pernas e axilas depiladas. Eles enviam essas mensagens tanto indiretamente, através de seus próprios rituais de beleza, e diretamente, com uma crítica bem colocada: "Não, você não está saindo desse jeito!"  Em última análise, o que decidirmos fazer como adultos se resume na nossa escolha individual e nos ideais de beleza, mas rotinas de cuidado pessoal e beleza das nossas mãe podem ficar com a gente à medida que nós envelhecemos, especialmente quando se trata de cabelos grisalhos."


Algumas filhas se rebelam contra os rituais de cuidado e beleza de suas mães enquanto outras os copiam.  No artigo da CNN, mulheres em seus 20 e 30 anos resolvem não pintar seus cabelos quando aparecem os prateados, e os motivos são variados: não querem seguir a rotina de pintar o cabelo que suas mães tiveram; adoram a naturalidade e a confiança de suas mães prateadas  e assim deixam crescer os prateados; estilo de vida; stress pós-parto e aceitar a transformação que trouxe a maternidade e maternagem nos primeiros anos; e mudança de emprego e carreira, representando a experiencia e reconhecimento de uma jornada da vida; ou simplesmente porque acha lindo e recompensador,  querem se destacar da multidão e mostrar para suas mães que seus grisalhos são maravilhosos.

 Duas mulheres simplesmente incríveis, minha avó e minha mãe continuam tendo uma força por detrás da minha escolha sobre cuidados pessoais, e meu cabelo. Uma vez por mês, mamãe e vovó junto comigo e com minha irmã, no fim de semana, faziamos lindos rituais de tratamento de beleza em casa, com direito à massagem corporal e capilar,  tranças coloridas com fitas, muito humor/brincadeira e carinho, cócegas e cuidado feminino. Minha avó querida deixou seus cabelos cacheadinhos ao natural, nunca saiu de casa despenteada e sem seu batom vermelho que combinava  com seus cachos prateados. Vovó sempre usava produtos e tratamentos naturais para o cabelo: máscara de ovo e óleo de coco, banho de casca de cebola e camomila, vinagre de maçã, e assim vai. Ela dizia com sabedoria, o que "o meu cabelo come o que eu como também". Já minha mãe, diferente da minha avó, se rendeu, assim como minhas tias, ao uso de  tintura do cabelo, pressão da sociedade talvez, e por vaidade e sempre parecer jovial. Todo mês/ou acada 15 dias tem que retocar as raízes prateadas por anos a fio,  sempre pintando seus cabelos em casa até hoje. Mas igual à minha avó, minha mãe não dispensa seu batom para sair na rua, e adora cremes e um bom perfume francês, apesar de ter me confessado várias vezes ser louca para deixar vir seus prateados, sem ter aquela coragem ainda para fazer essa mudança no seu visual. Até pouco tempo atrás, eu mesma pintava meu cabelo em casa,  como minha mãe, mas sempre quis deixar meu cabelo voltar a ser natural também, o batom eu dispenso, mas gosto de passar  óleo de coco pelo corpo e cabelo, e de vez em quando ainda faço algum ritual de spa at home. Não mencionei antes, mas tive duas sogras queridas na minha vida, mães maravilhosas, a mãe do meu marido, já falecida, mas que pintava seus cabelinhos curtinhos e a mãe do meu ex, que não pintava seus cabelos branquinhos de jeito nenhum, e essa dicotomia da tintura sempre se perpetuou na minha vida. A "maternidade/ parto e stress pós parto/ amamentação/ pouco sono" me deram a coragem e a oportunidae de ver que minha avó deixou um legado forte em mim, em termos de deixar "vir meus brancos sem medo de ser feliz com eles". Sei que minha filha me observa e me copia em tudo que faço, o que ensino a ela e como realizo diariamente meu cuidado pessoal terá um peso nas suas escolhas. Por isso, tenho completa consciencia que minha escolha em deixar meus prateados virem com confiança e alegria pode ajudá-la a ter mais confiança em si mesma e em suas escolhas no futuro. Assim, ao honrar meus prateados sinto que eu também honro nossas antepassadas e descendentes, as mães que geraram minha avó, minha mãe, a mim e  minha filha, e as mães que ainda estão por vir...

Ao pentear, escovar, trançar  e lavar  nossos cabelos na infancia, nossas mães acariciaram nossa alma, ninaram nosso coração e acalmaram nossas mentes. Os cabelos e seus cuidados são parte de nossa ligação com nossas ancestrais, através deles podemos criar uma relação forte filha-mãe, e crescer com essa intimidade maravilhosa! Celebremos esta relação sagrada neste dia especial!

E você que lê esta postagem, como foi esse cuidado desde a infância, sua mãe e outras mulheres tiveram um papel importante na sua escolha de deixar o seu cabelo prateado ou não?  Compartilhe com a gente sua experiencia e aproveite para honrar e celebrar o papel de sua mãe e das mulheres que você admira em suas escolhas pessoais!!


Nossa singela homenagem e felicidades a todas as mamães que nos cuidaram com tanto amor, a todas que deixaram vir seus prateados e às que pintam seus prateados também!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Pegando a onda prateada de 2015?

Quando criei este blog não tinha noção que muitas mulheres brasileiras se identificariam com o tema, mas ficar cinza /prateada é a nova onda, e muitos coloristas de pessoas famosas como Pink, Lady Gaga etc, tem sido apontados como mentores desta nova onda de cabelos esbranquiçados.
mas quando penso que muitas  jovens estão aderindo a coloração cinza, usando descolorantes e depois aplicando pigmentos para chegar no ton de cinza desejado, penso, uau, que coisa estranha!!
E para meu desespero, o custo para chegar no resultado esperado, chega a ser em torno de 200 dolares a 700 dolares por mês para descolorir, colorir e depois apaziguar/hidratar o cabelo que sofre muito com a aplicação de produtos que devem ser hiper caros. Pasmem!! Eu não teria como manter meu cinza assim. O que acham de pegar essa onda???

Mas a onda prateada chegou para arrasar os pigmentos, onde lindas modelos ficam com cabelo cinza.  Eu fico na dúvida, é como um paradoxo onde criamos imagens luxuosas e cibernéticas do futuro,..., acho lindo ver modelos estampando lindos cabelos cheios de brilho e prateados, e não gosto do estimulo ao consumismo por novas cores e tendencias. Gosto que assumam os cinza, mas desde que seja naturalmente...., mas para quem gosta de salão de beleza todo mês, é um prato cheio colorir de cinza para ficar na moda em 2015! Que vivam os mil ton de cinza!!


Estrelas prateadas: Cinzas no céu e a Via Láctea

"Uma menina de temperamento forte ficou tão furiosa quando sua mãe não lhe deu qualquer pedaço de uma deliciosa raiz assada, que ela pegou as raízes da fogueira e as lançou junto com as cinzas para o céu, onde as raízes vermelhas e brancas agora brilham como estrelas vermelhas e brancas, e as cinzas são a Via Láctea. Dornan, 1925 (The Bushmen)
 


Existem mitos de criação que valem ouro. Este mito de criação da Via Láctea, da África do Sul é simplesmente maravilhoso por dois motivos: 1. as cinzas viraram a via Láctea. 2. uma menina furiosa foi quem gerou o universo!

Agora se as estrelas prateadas são atos femininos, que vem da energia da fúria, da criação, isso todo mundo sabe. Que nossas cinzas na cabeça sejam bençãos das cinzas espalhadas pela menina furiosa dentro de nós, e que gerou uma constelação inteira, um universo que brilha em nossas cabeças!

Aloha, o mais legal de tudo é que a minha amiga prateada Sulafricana, Tina Schouw fez uma canção especialmente deliciosa sobre este mito Zulu da criação da Via Láctea no seu CD "The goodnight Songs" faixa 4 Cinzas no Céu: Ashes in the Sky. Este CD é uma jóia rara cheio de poesia e canções de ninar maravilhosas. Duas delas, uma sobre o cometa Halley "Halley's Comet" e outra sobre a lua, "Beautiful Moon" são de arrepiar, rastros prateados de uma menina talentosa. Viva Tina, minha vida é melhor porque você existe!


Kate Middleton, maternagem e cabelos prateados?

Quando saiu a noticia do nascimento da nova princesa britanica, hurray, todo mundo celebrou e a atenção da mídia mundial saiu dos cabelos da Kate Middleton! Durante a gravidez, o comportamento da duquesa foi do tipo:  I have better things to do than only touch up my hair, like care for my baby's health, ok? Ela deixou de pintar seus lindos cabelos durante o periodo que ficou grávida de George, durante sua amamentação e durante a sua segunda gravidez da princesinha.
Aí a realeza britanica foi alvo de críticas da mídia somente porque apareceu com pequenos pedaços de cabelo grisalho que não foram retocados durante a gravidez. E com os fios prateados à meia mostra, a imprensa caiu matando em cima dela pelo fato de deixar crescer os cabelos naturais e o velho conhecido preconceito pelos fios brancos foi um banquete que a imprensa parece gostar de degustar.

Aqui a reportagem que destaca os grisalhos da duquesa, mas sinceramente será que Kate Middleton poderia ter aderido à nova onda de cabelos grisalhosprateado, se não fosse a pressão sobre ela de sempre aparecer  com seus fios coloridos articificialmente, mesmo que seus prateados despontaram lindamente nos seus poucos 33 anos? A reportagem que saiu recente, também discute que hoje existe uma tendencia de se deixar o cabelo ser mais natural entre as mães, durante a gravidez e o puerpério. Aí a pergunta central desta postagem: Por que será que cada dia mais mães grávidas e amamentando resolvem parar de pintar o cabelo, hein?

Essa decisão de parar de pintar a cabeleira foi assim para mim, a gravidez e o puerpério convidaram os meus cabelos prateados a ficarem por mais tempo, e  eles proliferaram com a  amamentação e pouco sono. Bem, como a maioria de nós não é princesa/nobre e o holofotes não ficam na nossa cara a todo momento, a  não ser que sejamos celebridade um dia, podemos e tivemos a alegria de usar o momento da maternidade para nos transformar. Mas aí vem a perguntinha: Como as tinturas  no seu cabelo podem afetar seu bebe?


 Ainda temos muitas dúvidas quanto como isso ocorre, mas certamente, eu não comeria tintura para dar cor ao meu cabelo! Afinal, quem quer comer veneno  mutagenico  nem para ser alimento de cabelo? Pigmentos articiais precisam entrar no cabelo, por fora dele, e isso exige que o cabelo seja aberto, literalmente para que o pigmento se fixe. O cabelo come substancias toxicas com a tintura e acabem indo para a corrente sanguinea, e aí, para o bebe.... Vc gostaria que seu bebe comesse veneno?  Somente esta pergunta rende uma outra postagem. Mas nesta postagem, queria chamar a atenção que a maternidade é sim uma oportunidade para sermos mais  saudáveis, e cuidarmos de nós mesmas e ficarmos em paz com nossos fios. Entender que o processo do relógio melatogênico já começou e acelerou com a gravidez e a maternidade.

O que é relógio melatogênico? O cabelo mede o nosso tempo e é um indicador da sua idade, esse relógio tem a ver com os pigmentos que precisam de hormonios para serem fixados na raiz do foliculo. Primeiro, o cabelo, durante a gravidez, sofre muitas transformações, devido às alterações de hormônios, algumas irreversíveis, como o surgimento e o crescimento de cabelos prateados, e aumento /crescimento dos fios e até queda de cabelos. Ou seja, conforme este video mostra as fases do cabelo, os hormonios ditam muito do que o cabelo faz ou deixa de fazer, assim como alterações do ferro no sangue,  pois ele faz parte do pigmento Melanina. E a gravidez e a amamentacão, e o sono/ ou falta dele, junto com anemia durante a gravidez e puerpério, sem dúvida alguma, muda a taxa de hormonios que produzem e concentram melanina, e o tipo de pigmento depende da concentração de ferro que faz parte natural do cabelo. Os hormonios da gravidez transformam o corpo todo: descobri hoje, ao finalmente andar de bike depois de mais de dois anos sem por a mão no guidão, ao colocar meus sapatos de bike e  antigo capacete, que meus pés e a minha cabeça, junto com a minha cabeleira, tinham aumentado de tamanho depois que engravidei da Mel, o pé no comprimento e a cabeça na circunferencia, ou seja, estes hormonios não estão de brincadeira, não.

Segundo, existem hormonios que concentram melanina no corpo, como uma resposta ao nivel de energia  e do tempo que o corpo carrega, e os cabelos/pelos é o lugar onde o excesso de melanina deveria ocorrer como forma de excressão.  Durante a gravidez, a melanina é adicionada ao bebe, e pouco sobra na mãe. Isso mesmo, a melanina e sua concentração no cabelo indica muitas vezes o nível de  energia e stress físico, emocional e mental que vivemos. Quanto mais energia gastamos, menos melanina, e durante a gravidez, gastamos muita energia, para produzir nova vida, e na amamentação então!! 
 Já que estamos falando da Inglaterra, um pesquisador Dr. Desmond Tobin, da  Universidade de Bradford,  sugere que o cabelo fica cinza por causa da idade e genética, em que os genes regulam o esgotamento do potencial pigmentar de cada folículo piloso. Isto ocorre a taxas diferentes em diferentes folículos pilosos, e no lugar do pigmento, o fio se enche de bolhas minusculas de ar, deixando-o translucido, cinza, ou branco. Para algumas pessoas isso ocorre rapidamente, enquanto em outros, ocorre lentamente ao longo de várias décadas. 
Terceiro, juntamente durante a gravidez e depois, há fatores intrísicos e extrínsicos que favorecem o aparecimento de cabelos sem pigmento, tais como:

  Fatores intrísicos: 
    Genética
    Hormônios (na gravidez isso é o que mais transforma o cabelo)
    Distribuição corporal
    Idade

Os fatores extrínsecos:
    Clima
    Poluentes
    Stress
    Exposição a substâncias químicas tóxicas e radiação


O que os branquinhos de Kate Middleton nos mostram é que o cabelo nasce branco, seja em plebeus ou em nobres, e a cor que quereemos que eles fiquem depende da nossa herança familiar, da condição ligada à maternidade, do nosso meio ambiente e da nossa vontade pessoal. Eu escolhi os prateados cheios de bolhas de ar!!!

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Onda prateada


Ah, um presságio desde 2013, quando deixei meus brancos virem com a gravidez da minha filha, comecei a surfar as ondas prateadas sem saber que encontraria outras surfistas, algumas mais veteranas que se arriscavam no corais das opiniões alheias sem se incomodar com os arranhões etc. Surfar esta onda requer coragem,  não é moda não! É atitude.

Há dois anos que a mídia começou a chamar atenção dos pratas na cabeça feminina.  Agora, se a moda pega conforme a tendência de 2015, imagina, as mulheres que fazem opinião pública no país, as esposas de políticos, as modelos, as atrizes, todas de cabelos cinza??? Como os salões de beleza devem ser repensados e dá-lhe tubinhos para imitar o cinza natural! beijos e boa noite


Mulheres Prateadas: Ananda Martins

Apresentamos a adorável entrevista com a bela e  jovem Ananda Martins, militante de ações de cidadania urbana e doutoranda em geografia que tem uma relação mais que madura com seu corpo e seu lindo cabelo castanho adornados com fios prateados!




1.    Ananda, conte um pouco  de você, da sua trajetória de vida. 
Meu nome é Ananda Martins, tenho 32 anos e nasci em Americana (SP), e depois meus pais se mudaram para Pernambuco quando eu tinha 2 meses de idade, onde estava a família da minha mãe. Então, com o sotaque que me é peculiar, sempre digo que sou mesmo é pernambucana. Em Recife me formei em Geografia na UFPE, e fazendo pesquisa na área de geografia urbana comecei a buscar o sentido e a utilidade do que alguns chamam do “fazer geográfico”. Decidi, então, que iria continuar minha formação e há 8 anos vim pra Brasília pra fazer o mestrado, que terminei em 2009; vi que não cabia mais em Recife, e fui ficando em Brasília onde me adaptei com alguma tranquilidade. Agora faço o doutorado em Geografia também na UnB, e por meio das atividades de pesquisa, junto com alguns pesquisadores/militantes, faço parte de um coletivo chamado Lutas Urbanas, que tem como objetivo apoiar as lutas urbanas e os movimentos sociais que fazem a luta pelo direito à Cidade.
2.    Qual é a relação que você tem com seu cabelo?
Eu nunca fui de fazer muita coisa nos cabelos em termos de coloração, sempre achei mais legal pensar os cortes do que qualquer outra coisa; talvez tenha sido o trauma de quando era criança que minha mãe me cortava os cabelos curtos por conta de piolho ou coisas assim [risos]. Então, na adolescência sempre os tive mais longos e nos primeiros anos em Brasília optei por tê-los mais curtinhos. Acho legal a composição que o cabelo dá na tua personalidade, mas, ao mesmo tempo, antes de completar 30 anos não me preocupava com cuidados estéticos com taaaanta atenção.
Sempre quis ter os cabelos cacheados – é parece que a gente nunca tá satisfeito com o que tem, mas na impossibilidade de que isso acontecesse (rsrsrs) fui, aos poucos, explorando o que podia, mas ainda assim sem tanta neurose. Hoje me dia até tenho um pouco mais de cuidado, não compro qualquer produto, fico atenta à hidratação, mas mantenho a filosofia da “neurose Zero” [ahahaha], e funciona bem, tem dia que acho que o cabelo está lindo e tem dia que nada dá jeito, assim somos. 
3.    Quando os primeiros fios de cabelo branco/prata apareceram, como você reagiu e se sentiu? Como as pessoas ao seu redor reagiram, se sentiram e, se caso te aconselharam, quais foram estes conselhos?
Lembro-me que estava na faculdade (graduação) quando surgiu meu primeiro fio, assim discreto. E lembro que fiquei muito brava porque um colega viu e sem fazer alarde começou a mexer no meu cabelo e, de repente, ele arrancou; tinha uma sensação do tipo “Que massa! Meu primeiro fio branco!” [ahahahaha] e ele sorrateiramente me tirou isso. Bem, desde então, aos poucos outros foram aparecendo e não me incomodava. Sempre tive uma relação com minha avó paterna (Laiz) muito próxima, apesar de morar em PE e ela em SP, e a achava tão linda e elegante com aqueles cabelos brancos dos quais me recordo até hoje que não me fazia pensar: “Meus Deus! Estou ficando velha antes do tempo!”, ao contrário, pensava “Que legal! Vou ficar linda igual a minha avó, minha flor Laiz”. Então, em relação essa coisa do envelhecer e os cabelos brancos que chegaram tão cedo, na maior parte de tempo (salvo alguns momentos de crise) olhei pra frente, já que com eles vieram também as ricas experiências que ajudaram a compor a pessoa que me tornei.
Já a reação das pessoas tem que ser avaliadas por fase né!? Como no início tinha poucos e estavam mais escondidos, às vezes tinha até q mostrar pra serem vistos, e acho que as pessoas pensavam “essa garota é louca!”; já em Brasília, no decorrer do mestrado eles já era um pouco mais, e tinha época que pintava em casa mesmo, ou fazia mechas, e as pessoas falavam “nossa, mas você é tão novinha pra ter cabelo branco” ou “gente! O que aconteceu contigo que tá cheia de cabelos brancos!?” ahahahaha é a vida né!?
Já no doutorado eles proliferaram bem mais, já não estavam tão escondidos, e até 1 ano atrás, eu acho, eu ainda tonalizava, até que desisti e passei a curtir como estavam fazendo minha cabeça (literalmente), e nessa última fase as reações são as mais diversas: meu companheiro acha legal! Diverte-se dizendo que meus cabelos estão quase pretos (pra não dizer o contrário, já que enquanto tonalizava relutava um pouco em assumi-los – vê a falta que a minha Vó me faz!?); os amigos que me veem com menos frequência ficam surpresos e dizem: “Mas você não tinha esse tanto de cabelos brancos antes...” Alguns com ar de que estão achando legal, outros nem tanto. 
4.    Com que freqüência você pintava seus cabelos antes e de que cor(es)?
Mesmo depois dos 30 me preocupava muito mais com a hidratação do que com a coloração, e sempre optei pela cor mais próxima do meu tom natural (castanho escuro); fazendo assim, tonalizava a cada 2 meses, em casa mesmo pra economizar. Então, pra fazer algo um pouco diferente teve um tempo que comecei a fazer mechas pra quebrar um pouco a mesmice e isso também tinha um intervalo de 2 meses, já que não aparecia tanto a raiz em meio as mechas de tom castanho claro e mel. Salvo uma ocasião que mudei de salão pra economizar, cheguei lá dizendo que queria manter as mechas, mas que em hipótese nenhuma queria que ficassem douradas, ou seja, loira, e foi justo o que fez a cabelereira, então, voltei ao tom do meu cabelo por segurança.
5.    Você tem noção de quanto economiza deixando de pintar os cabelos?
Enquanto fazia em casa o gasto financeiro não era muito alto, de 20 a 30 reais; mas quando passei a fazer as mechas no salão começou a pesar no bolso, pois variava entre 200 a 300 reais. Além do investimento de tempo, já que você ficava pelo menos 2h ali considerando todo o processo. Então, além da economia de dinheiro, tem-se que considerar o que me é ainda mais caro que é a economia de tempo, porque dali em diante, muito provavelmente, a frequência aumentaria, além do dinheiro, e o que inicialmente seria um investimento passa a ser um gasto (de diferentes ordens) que me fez questionar se estava mesmo disposta a pagar. Enfim, decidi que não estava muito afim de, entre tantas demandas, continuar com mais essa.
6.     Quais foram os motivos que levaram a esta decisão de deixar seus fios brancos/pratas em paz?
Nunca tive problema com os fios brancos, ao mesmo tempo, tinha vontade de mudar um pouco o visual – e confesso que às vezes ainda penso em fazer algo.  Ou seja, não tenho uma postura ideológica em relação a isso, acho que as pessoas tem que fazer aquilo que traz o sentimento de estar bem consigo mesma; no meu caso, a composição que esses fios têm dado me agrada bastante e passou a ser apenas mais um elemento na minha esquisitice de cada dia [ahahahaha].
Muito embora, eu me lembre de que isso não foi, no início, uma opção consciente, já que resolvi dar um tempo da tonalização quando usei uma henna que deixou meu cabelo com 3 cores diferentes; aí bateu aquela preguiça de arrumar aquela bagunça, e a observação mais atenta dos cabelos brancos nesse período passou a me fazer sentir que esse poderia ser um processo interessante: assumir os fios brancos e começar a deixar a cabeça pratear.
7.    Como os seus amigos, familiares e estranhos reagem e reagiram a esta decisão?
Atualmente, além da reação do meu companheiro, que parece gostar, há também a surpresa de amigas que não acreditam como posso ter esses fios já há tanto tempo, mas acham bacana e gostam da composição, assim como eu. Há situações em que embora a pessoa ache bacana, sempre tem uma sugestão para disfarçar esses fios, e as melhores opções vem de Juana Franco, do Studio DaRuca, onde corto o cabelo; Juana é uma excelente colorista, e vendo o seu trabalho às vezes me convenço que pode ser legal dar uma variada, até porque tenho certeza da lindeza que ela consegue fazer nos cabelos não só da mulherada, mas também do seu público masculino, mas logo me atento para esses fios e de verdade gosto de como me vejo com essas mechas prateadas. Então, novamente desisto dessa mudança e passo a apostar em outras (cortes, batons, unhas...). Mas, não dá pra agradar todo mundo né!? Um dos meus melhores amigos bate o pé e diz “vai pintar esse cabelo menina! Você é muito nova pra ter esse tanto de cabelo grisalho, parece desleixo!” kkkkkkkkk Só deixo falar porque é ele, se fosse outro dava o limite na hora para parar de cuidar dos cabelos brancos alheios [risos].
8.    Como você se descreveria em relação aos seus cabelos prateados e a maturidade?
Duas palavras poderiam fazer essa descrição, se isso fosse algo de fato simples, seriam elas: (1) Felicidade e (2) Gratidão. Felicidade pelo simples fato de não ser essa uma questão a qual eu dê importância a ponto de definir o bem estar comigo mesma e com aqueles que me cercam, afinal faz parte da vida virem os fios brancos/pratas, as rugas, as gordurinhas que aos 20 anos a gente achava que jamais apareceriam, enfim... Em uma sociedade tão vinculada à imagem e ao consumo gerado para manutenção desta, assumir a maturidade e tudo que ela traz, inclusive fisicamente, parece-me algo saudável; muito embora, advogo que não são as intervenções que você faz no seu corpo, do ponto de vista estético, que faz com que o processo não seja saudável (não estou dizendo que não devemos fazer qualquer mudança), mas devemos ter atenção à motivação pra essas intervenções, pois talvez nos leve a questões de outras ordens, que não exatamente a estética.
A Gratidão... Esse é um exercício diário e me leva na verdade a enxergar que o processo de “estar prateando” é resultado de oportunidades e aprendizados que a Vida pôde me proporcionar. E estes foram necessários ao meu crescimento em um movimento no qual reconheço que a vida não é fácil, que a gente passa por poucas e boas, mas que a gente também deve aprender com tudo isso, e se permitir viver todas as alegrias e as dores, com gratidão aos anjos em forma de amig@s a quem a Vida nos apresenta e presenteia. Então, vejo os fios brancos, nesse caminhar também como um presente que me lembra sempre que, apesar de haver um longo caminho pela frente, eu já dei alguns bons passos, eles são parte das minhas experiências, nem sempre agradáveis, mas sempre importantes.

Mulheres prateadas: Rita Telles

Uma entrevista emocionante de "Mulheres Prateadas" com Rita Telles, mulher trabalhadora,
de fibra, corpo e alma fortes que atravessou rios e montanhas para conseguir hoje desfrutar de seus fios prateados.



1-    Olá Rita, conte um pouco da sua trajetória de vida.
Moro no litoral paulista com meu marido, mas por muitos anos morei em Brasília, trabalhei com finanças internacionais em organismo internacionais,  viajava muito e tenho orgulho em dizer que fiz parte do grupo que erradicou a Poliomielite no Brasil. Mas  veio com um custo: eu passava uma semana em Brasília e outra no Brasil e acabava administrando minha casa através do telefone. Quando me casei pela primeira vez ainda jovem, aos 20 anos, tive meus 3 filhos amados com 24, 28 e 30 anos.  Me separei e catorze anos depois me casei novamente com meu atual companheiro. Quando meus filhos optaram ir viver com o pai, sofri muito a falta deles. Infelizmente,  há 8 anos perdi meu caçula. Mas apesar de todas essa falta e dor, nunca tive vocação para tristeza.  Sempre fui alegre, e divertida e tanto minhas filhas quanto todos amigos de meus filhos gostam muito de mim. E para minha sorte, nestes últimos 8 anos difíceis  da minha vida, minhas duas filhas me deram quatro netos, dois meninos e duas meninas. Sou uma avó super coruja que ama e é amada demais pelos meus netos.  Eles me fortalecem e me dão  impulso de vida. Agora,  minha vida com meu marido é entre a praia e passar tempos com minhas filhas e meus netos.


2- Qual a relaçãoque você tem com seu cabelo? 
Sempre fui vaidosa e cuidadosa com meus cabelos, por serem muito lisos passei a maior parte dos anos com meu corte Chanel pois era mais prático de estar pronta e arrumada sempre. 

3- Quando apareceram seus cabelos prateados, qual foi sua reação e a dos seus amigos e familiares? 
Apareceram aos 30 anos, não houve nenhuma situação de crítica ou comentário sobre isto, pois eu pintava da cor do meu cabelo. Aos 32 anos fiz mechas mas não gostei e voltei a tentar a ter a mesma cor (castanho ou vermelho). No começo, a cor durava quase 1 mês mas com o passar dos anos passei para 15 dias e nos últimos tempos os retoques eram quase semanalmente. Pintar os cabelos era uma necessidade, pois a visão que se tinha é que cabelos brancos significava e mostrava sinal de desleixo pessoal.
Depois, quando meu filho ficou em coma 45 dias e fiquei com ele na UTI, foi a primeira vez que deixei meus cabelos ao natural por falta de condições e ânimo de pintar, dai cortei curtinho e vi minha cabeça bem grisalha. Gostei e pretendia conservar os fios brancos. Mas logo após seu falecimento aconteceria a formatura da minha filha com baile e tudo mais,  e ela me pediu que pintasse de vermelho e ainda sob o impacto dos acontecimentos pintei conforme o desejado por ela.  Ficou bem,  mas não era minha real vontade.  E aí voltei a pintar  de novo

5- Quanto economiza não pintando mais o cabelo? 
Nunca fiz as contas desses valores, qualifiquei o meu ganho pelo meu bem estar, que é muito maior.

6 - Quais foram os motivos para deixar seu cabelo pratear? 
Basicamente por sentir melhora na minha qualidade de vida e bem estar. Quando decidi deixar meus cabelos prateados virem consultei minhas filhas e elas me deram todo apoio. No começo ouvi de alguns amigos a cobrança da pintura e o questionamento do porque não estar colorindo. Mas ouvia  voz do meu coração que pedia há oito anos que eu deixasse vir os fios prateados com aceitação e naturalidade.

7 - Como lida com a maturidade e seus prateados? 
Estou tranquila e curtindo muito os meus prateados,  passei a usar shampo desamarelador pois moro na praia.  E pra dizer a verdade com 59 anos e com a cabeça grisalha senti mais naturalmente a maturidade ser confirmada e segura da minha escolha.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Mulheres Prateadas: Elisa Carneiro

Esta semana abrimos a série de entrevistas "Mulheres Prateadas" com a encantadora escritora e gastrônoma Elisa Carneiro, mãe e avó que alimenta sua familia com deliciosos bolos e ternura, e acolhe seus cabelos prateados com naturalidade e beleza da luz da Lua!





1.     Conte um pouco  de você, da sua trajetória de vida, da sua profissão, família, sua idade atual, e se tiver, filhos e netos? Nasci em Brasília, filha de uma família pioneira. Papai chegou em 1957, como médico com mamãe professora . Somos oitos filhos,sete mulheres e, um homem. Sou escritora, e cozinheira, nada de CHEF. Faço bolos, os quais inventei as receitas , mistura de poesia com fogão . Fiz magistério, lecionei um tempo, e depois parei. Fiz gastronomia por prazer de cozinhar . . Hoje me dedico a escrever o que minha alma pede. Casei aos dezesseis anos,  duas filhas e um filho, e duas netas encantadoras, meus doces prontos, presente do universo.  A vida é leve, sem medo aos meus cinquenta e dois anos. 

2.     Qual é a relação que você tem com seu cabelo prateado? Amo o meu cabelo, nunca pintei não gosto das tinturas químicas. Aos vinte e três anos, o primeiro fio prateado chegou e virou meu parceiro. Não tive problemas com os primeiros fios brancos. Sempre me senti serena, a aceitação foi natural. À medida que foi chegando cada fio, mechas brancas se tornaram um arco-íris de duas cores.  Mas no início a pressão das minhas irmãs foi complicada, e algumas sobrinhas, mas sei que não gostam, mas não me importo. Muitas amigas, que hoje assumem seus cabelos brancos dizem que eu abri o caminho para elas aceitarem seus prateados. Salve!

3.     Como você se descreveria em relação aos seus cabelos prateados e a maturidade? Minha relação com maturidade e meus fios prateados pode ser resumida em: Muito bem resolvida, me acho uma mulher linda, adoro olhar no espelho e ver os meus cabelos prata. Uma noite, no barzinho, lua cheia e, de repente um rapaz me chama e, diz que os meus cabelos cor-de-prata era o casamento perfeito com aquela lua. As marcas do tempo são danças na minha alma. Sou uma mulher urbana, boêmia que ama a vida. Mulher prateada, filha da lua, beijos luz prata!