Série de entrevistas "Mulheres Prateadas": Vanja Mendes

A série "Mulheres Prateadas" tem a honra de apresentar a deliciosa entrevista com nossa convidada de hoje,  uma mulher diferente das outras, mãe, avó e um anjo da guarda de muitas mamães e seus bebês: Vanja Mendes!! Gratidão!!

1.    Vanja, conte um pouco de você e da sua trajetória de vida. 

Sou a caçula das 3 filhas mulheres, tenho 52 anos, sou Doula a 20 anos, mãe do Humberto (34) que é pai da Luiza (4), e mãe da Elaine (27) que é mãe do Felipe (6). Fui mãe aos 18 anos, dois partos normais à moda antiga. Meus netos nasceram em dois lindos partos domiciliares com parteira e a vó-Doula. Na infância dos meus filhos fui muito determinada em oferecer saúde e espaço de qualidade para minhas crianças. Era incompreendida por insistir em tratamentos homeopáticos, proibir refrigerantes, não deixar carregarem meus filhos sem minha autorização e coisas do tipo. No inicio das minhas atividades como Doula, orientava a boa nutrição, a conexão com Deus, a amamentação prolongada. Tudo na minha vida tomou o curso do normal e do natural. Fui cruvígora por 1 ano e aboli carne do meu cardápio por 5 anos. Pensava em tentar viver de luz, mas o aspecto físico das pessoas que viviam de luz no início era muito ruim. Desisti. Vendo assim tão rápido é engraçado. Sou uma pessoa normal, como pão, bolo, biscoito, carne, massas mas tenho apreço especial pela comida natural.

2.    Qual é a relação que você tem com seu cabelo?

Desde os meus 40 anos acompanhei pelo menos três ‘modas’ de reflexo prata em cabelos. Para quem vem de pensamentos diferentes e reflexão sobre a vida nada mais natural que nunca pensar em pintar o cabelo. Meus cabelos grisalhos são a minha história, representam a minha caminhada, eu os admiro por diversos motivos. Mostra quem eu sou de verdade, sem maquiagem.

3.    Quando os primeiros fios de cabelo branco/prata apareceram, como você reagiu e se sentiu? Como as pessoas ao seu redor reagiram, se sentiram e, se caso te aconselharam, quais foram estes conselhos?

Comecei a perceber que já eram muitos cabelos brancos quando pessoas desconhecidas começaram a me parar no mercado, nos parques, em locais fechados, em festas, etc, para me perguntar onde eu fazia as luzes prata no cabelo. Kkkk 

Sempre me senti fora da moda, acima da moda! kkkk

Meus cabelos prateados inicialmente, foram motivo de cobiça de muitas cabeleireiras, motivo pelo qual nunca tinha uma fixa, vivia trocando e ficava com a que insistia menos. Tenho duas questões capilares: cabelos prateados e cacheados! Nossa! Além da tintura, precisei resistir a muitos alongamentos, chapinhas, alisamentos, escovinhas. É difícil ser original numa sociedade padronizada.

4.    Você tem noção de quanto economiza deixando de pintar os cabelos?

Nunca parei para fazer as contas, mas me lembro que, em pelo menos um momento de baixa auto-estima, cheguei a rondar as prateleiras das tinturas químicas atraentes, mas achava um absurdo pagar os tubos nos tubos químicos! E ainda ter que desembolsar outros tubos no salão. Fora a escovinha e a progressiva. Não me animava a fazer essa despesa desequilibrante!

      5. Quais foram os motivos que levaram a esta decisão de deixar seus

fios brancos/pratas em paz?

Penso que primeiro motivo por não ter pintado o cabelo foi o fato de ser alérgica desde os meus 4 anos de idade, e isso influenciou bastante na minha opção de nunca passar tintura química no couro cabeludo. O segundo motivo foi crescer sem a referencia dentro de casa, pois minha mãe nunca pintou cabelo. E por último, um forte motivo foi ter alguns ‘sonhos’ com senhores e senhoras, orientadores espirituais, de cabelos branco-prateado reluzente, lindos de se apaixonar. Desejei por muito tempo ter aqueles cabelos!

6.    Como os seus amigos, familiares e estranhos reagem e reagiram a esta decisão?

De todas as situações que vivi por não pintar meus cabelos, a mais marcante foi quando meu sobrinho me perguntou: “Tia, você é a mais novas das irmãs e a única que tem cabelos brancos. Você não acha isso estranho?”. Eu sorri e falei: “Meu filho, se eu pintasse meus cabelos como você saberia o que é envelhecer com consciência?”. Minhas amigas amam minha personalidade verdadeira, se apaixonam por meus cabelos e muitas querem parar de pintar seus cabelos quando me veem. Mas essa é uma etapa muito pessoal e circunstancial. Como Doula, os cabelos brancos falam de tempo de caminhada, de experiências vividas, de prática e doação. Em 2008 me tornei avó pela primeira vez, depois disso nunca mais consegui olhar para um bebê e falar “vem com a tia”, não dá. Digo: “vem com a vó-Doula, meu bem”.

7.    Como você se descreveria em relação aos seus cabelos prateados e a maturidade?

Minha relação com meus cabelos brancos é de maturidade jovial, sem o peso de envelhecimento, mas com o frescor da verdade, da vida, da aceitação. Meus cabelos brancos me falam de saúde, de alegria, de tempo de aprendizado, de respeito, de segurança no caminhar. Meus cabelos com luzes naturais do tempo tem tudo a ver comigo, com meu trabalho, com a vó-Doula que sou, com os cuidados que gosto de ter com as mulheres e seus bebês. Falam da maternidade, da minha avozidade, da necessidade de ir contra o espírito de manada, de ser diferente ou pelo menos original. Meus cabelos brancos e cacheados me ajudam a me sentir verdadeira comigo mesma e de me respeitar tal qual eu sou.