segunda-feira, 13 de abril de 2015

Mulheres Prateadas: Edith Cardoso

É com grande alegria que abrimos a série de postagens "Mulheres Prateadas" com o relato da engenheira civil Edith Cardoso e seus lindos cachos prateados.





   1.    Conte um pouco da sua trajetória de vida: 
      Nasci carioca da gema, morei muitos anos no nordeste e há 16 anos vim para Brasília, para fazer mestrado, tomei gosto pela cidade e acabei ficando. Sou engenheira civil com foco na área ambiental, mas atualmente trabalho em estudos e projetos de infraestrutura de transportes. Tenho muito interesse e gosto de ler e pesquisar sobre alimentação saudável, terapias naturais, espiritualidade, temas femininos/feministas. Venho exercitando e aprendendo o autoconhecimento, a maturidade, o empoderamento feminino, a maternidade. Completo 40 anos essa semana, moro com meu companheiro e nosso filho, de um ano e meio.




2.  Quando os primeiros fios de cabelo branco/prata apareceram, como você reagiu e se sentiu? Como as pessoas ao seu redor reagiram, se sentiram e, se caso te aconselharam, quais foram estes conselhos? 
Os primeiros fios brancos deram o ar da graça ainda na faculdade, por volta dos 22, 23 anos. Herança da minha mãe, que também teve fios brancos desde cedo. No início não me incomodava, mas rolavam as piadinhas típicas, e em geral dizíamos que os “culpados” eram os cálculos do curso de engenharia. Aqui e acolá, eu catava um ou outro fio que aparecia. Parei de catar pois alguém disse que quanto mais catasse, mais fios brancos nasceriam! Eram bem poucos mesmo, e só comecei a pintar alguns anos depois, menos para cobrir os brancos e mais para mudar o visual.

3.    Com que freqüência você pintava seus cabelos e  de que cor(es)?
Acho que comecei a pintar os cabelos com frequência lá pelos 26 ou 27 anos. Os brancos ainda eram poucos, mas eu gostava de variar os tons (de preto a diversos tons de castanho e chocolate), até assumir por um bom tempo a cor vermelha nas madeixas. Nessa época, pintava de 2 em 2 meses, mais ou menos, em casa mesmo, com tinta. Após alguns anos quis mudar de novo, e pra vencer o vermelhão, só um preto. E então percebi que os brancos tinham proliferado bem - o vermelho disfarçava, mas o preto os denunciava loucamente na raiz, tipo 15 dias depois da pintura kkkkk. A frequência de pinturas passou a ser mensal, cabelo ressecava mais, depois de um tempo adotei a henna, queria usar algo não testado em animais e que agredisse menos o cabelo. A ideia era pintar mensalmente, mas nem sempre tinha tempo e em geral a raiz estava sempre destoante do resto do cabelo, comecei a ficar chateada por me sentir “na obrigação” de pintar numa frequência que me parecia absurda e eu não conseguia “cumprir”. Eu tinha muitas outras coisas a fazer para dedicar quase uma tarde inteira por mês para pintar o cabelo - isso sabendo que o ideal seria pintar de 15 em 15 dias, se quisesse ter a raiz “em dia”.

4.    Qual é a relação que você tem hoje com seu cabelo? 
Estou em processo de entendimento e aceitação com meu cabelo. Não apenas pela cor, mas pelos cachos que já não são os mesmos há algum tempo. Nunca fui de frequentar salão de beleza, e mesmo em casa, não costumava ter rotinas de cuidados estéticos, fossem capilares, faciais, etc. Há pouco tempo adotei a técnica low poo, que basicamente consiste em não utilizar produtos com certos sulfatos, parafinas, e alguns tipos de silicones. Na prática reduzi bastante o uso de xampu, e na medida do possível, faço hidratações e banhos de óleo, em casa mesmo. Com isso venho percebendo do que meu cabelo precisa, mesmo que na realidade nem sempre eu não consiga ajudá-lo como gostaria rsrs. Em geral me sinto bem com meus fios brancos, percebi que o ressecamento e opacidade é que de fato me incomodam, - os cachos ficam sem definição e os fios brancos ficam espigados - então venho tentando cuidar melhor dos cabelos. Por exemplo, vinagre de maçã ou de arroz na última água do enxague realmente ajuda!

5.    Você tem noção de quanto economiza deixando de pintar os cabelos? 
Fiz uma pesquisa na internet pra responder essa pergunta, pois há uns 2 anos parei de pintar. Como pintava em casa e uma vez por mês, acho que a economia de grana é de uns 30 reais. No caso de fazer mechas no salão (que foi a experiência mais recente), provavelmente me custaria mais de R$100 por mês! Fora a economia de tempo e energia, ah!! Essa é imensurável!!
 
6.     Quais foram os motivos que levaram a esta decisão de deixar seus fios brancos/pratas em paz?
Então, eu ficava chateada por que percebia que manter os cabelos com uma cor legal todo o tempo me consumiria um tempo e dedicação a que eu não estava disposta. Para além disso, já vinha pintando meu cabelo há anos, estava cansada da rotina (e acredito que meu cabelo também rs), mas me sentia ainda insegura para parar de pintar. Estava há um tempo pensando em assumir os brancos, e me encorajei ao conhecer uma moça, mais nova que eu e com lindas mechas brancas. Pouco tempo depois engravidei, e acho que isso ajudou na aceitação das pessoa 

7.    Como os seus amigos, familiares e estranhos reagiram a esta decisão? 
Minha decisão é respeitada, não costumo ouvir conselhos que não peço, mas algumas amigas acham que eu ficaria melhor com os cabelos coloridos. Isso não me chateia, cada um tem sua opinião...mas já ouvi piadinha do meu companheiro, numa ocasião me fiz de desentendida, em outra fiz uma cara de “isso era uma piada?” e não ouvi mais nada hehehe. Felizmente, no meu trabalho não sinto nenhuma pressão ou cobrança nesse sentido. Quem sempre tenta me convencer a pintar é o cabeleireiro. Ano passado ele conseguiu, e deixei que ele fizesse umas mechas vermelhas (gosto do vermelho, não resisti à tentação). Foi apenas uma vez, e depois disso fiquei tentada a pintar de novo, achei legal as mechas por não cobrir todos os brancos etc, mas além da preguiça da “obrigação” e da rotina de pinturas, percebo que quando meu cabelo está ressecado (o que acontece quando pinto) fica muito opaco e então os brancos me incomodam mais. Quando está com a hidratação em dia, curto o resultado. 

8.    Como você se descreveria em relação aos seus cabelos prateados e a maturidade?
  Gosto de ligar o “foda-se” para expectativas alheias, especialmente as relacionadas ao que só diz respeito e atinge a mim mesma, como a cor dos meus cabelos. Gosto da minha história e da minha caminhada até aqui, tenho muito o que aprender e crescer, mas meus cabelos brancos são também as marcas da minha vivência, assim como outras marcas no meu corpo. Estou feliz com eles, com a maturidade e com o fato de seguir aprendendo

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